Cactus Poemas

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Para Sempre " Carlos Drummond de Andrade"



Para Sempre 
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. olá guria

    Adoro os escritos de Carlos Drummond são encantadores, o modo em que o mesmo se desfecha
    neste poema é alucinante!

    Bjim

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  2. Carlos Drummond foi um poeta genial. Nesta poesia ele coloca toda a sua sensibilidade para falar sobre Mãe!
    Obrigada por nos brindar com esta beleza!
    Beijos!!!

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